Na Guiné-Bissau, foram apelidados de restos de tuga, em Angola, sobras do branco. Não tinham nascido, ou ainda eram crianças, quando os pais deixaram estes territórios. Hoje, andam na casa dos 40 ou 50 anos, mas quando falam do pai português que querem conhecer é como se voltassem a ser crianças, choram enquanto dizem que se sentem meia-pessoa, incompletos.
São filhos que os militares portugueses do tempo da guerra colonial deixaram para trás.
Estas imagens são de autoria do fotojornalista Manuel Roberto e fazem parte de duas reportagens inéditas divulgadas pelo jornal Público, de autoria de Catarina Gomes, com imagens-vídeo de Ricardo Rezende.
Em 2013, a equipa partiu para a Guiné-Bissau em busca de filhos deixados para trás, trabalho que foi distinguido com o Prémio Gazeta Multimédia, pelo Clube dos Jornalistas em 2014. Na sequência desta reportagem foi criada a Associação Filhos de Tuga que deixou no cemitério de Bissau uma coroa de flores ao pai desconhecido. Este ano, a mesma equipa foi até Angola em busca de mais filhos. Estas são imagens de algumas das histórias descobertas nestes países.
A exposição procura dar visibilidade a um tema tabu na sociedade portuguesa que tem estado arrumado numa gaveta há mais de 40 anos. Os ex-combatentes deixaram filhos em África. Eles existem, são muitos, e gostavam de conhecer os seus pais portugueses.
Uma parte da história de Portugal que tem de ser contada.